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Foto do escritorJackline Venceslau

Mulheres na arquibancada: A emoção e os laços que unem torcedoras aos seus times do coração

Atualizado: 12 de fev. de 2019

No último dia de 29 de outubro, o Esporte Clube Bahia e o Esporte Clube Vitória assinaram um termo de cooperação técnica junto ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) em que se comprometem a promover ações contra a discriminação da mulher. Serão realizadas campanhas para combater o racismo e o sexismo no futebol. A primeira ação está prevista para acontecer no próximo dia 11, onde os times se encontrarão para 34ª rodada do Campeonato Brasileiro.


Em um país como o Brasil, onde a cultura machista ainda é predominante, inclusive dentro dos esportes, ações como essas são ainda muito necessárias. Porém, a maioria dos clubes ainda concentra esse tipo de atividades apenas no Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.


Em contrapartida da maioria das notícias veiculadas nas principais mídias deste segmento, a No Pódio gostaria de destacar, nesta reportagem, os relacionamentos e sentimentos de mulheres torcedoras com seus clubes e estádios do coração.


Giovana Oliveira (reprodução: arquivo pessoal)

Para a santista Giovana Oliveira, 20 anos, acompanhar seu time é uma sensação indescritível. “É uma emoção que não tem explicação, um amor que poucos entendem. A vibração na hora do gol, cantar de corpo e alma é realmente incrível”, destaca.


O amor pelo Peixe vem de longa data e, hoje, está na terceira geração da família. “Do meu avô para o meu pai e, agora, eu. Comecei ir ao estádio com 12 anos, com meu pai e não parei mais”, conta.


Ela também participa da Torcida Jovem, organizada do Santos, e nos contou como as mulheres são recebidas pelo resto da torcida: “no estádio, não vejo nenhuma diferença, porque a torcida se une, parece que todos viramos um só, apoiando o Santos. Vejo muitas mulheres na arquibancada e na sede da TJ”, completa Giovana.


Confira alguns áudios exclusivos da participação dela, na torcida Jovem do Santos, no dia 12 de Novembro de 2018, na partida contra a Chapencoense, pelo Brasileirão.


Bárbara Paulino (reprodução: arquivo pessoal)

Assim como para Giovana, o amor pelo futebol está no DNA familiar de Bárbara Paulino, mas neste caso, o afeto é destinado ao São Paulo F.C. “A paixão vem dos meus tios, irmãos e da minha mãe. Quando eu era menor, ficava na casa da minha avó para a minha mãe trabalhar. Esses meus tios moravam com ela, na época, e eles eram o que sou hoje: fanática pelo SPFC!”, descreve Bárbara.


Sua primeira vez no estádio foi aos sete anos de idade e até hoje, aos 22 anos, o sentimento não muda. “Desde a hora que saio de casa, a ida até o Morumbi, todos os jogos, não tem um que eu não sinta ansiedade. Como se todo jogo fosse o primeiro, a primeira ida ao Morumbi. Sentimento que não cabe no meu peito”, afirma.


Ela disse já ter escutado relatos de amigas que sofreram preconceito no estádio, mas nunca presenciou. “Nunca tive nenhum problema na arquibancada por ser mulher. Acredito que hoje as coisas mudaram muito. Inclusive, tem um canal chamado 'São Paulinas Uniformizadas' que acompanho", conta.


Thaina Cristina e a pequena Valentina (reprodução: arquivo pessoal)

Infelizmente, esta diferença entre gêneros foi sentida por Thaina Cristina de Lima Barreto, que participa da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians. "Em geral, os homens possuem bem mais privilégios. Muitas coisas ainda nos são proibidas de fazer, como viagens [em torcida] ou ser responsável pelo patrimônio da torcida", relata.


Mas, para ela, a presença das mulheres vem se tornando cada vez maior nos estádios e torcidas. “Hoje, isso vem crescendo. No Corinthians, temos um movimento, que é o Toda Poderosa, formado apenas por mulheres. Ainda não tem a grandeza e o respeito de uma torcida organizada, mas tem um número grande de componentes", explica.


Assim como Bárbara e Giovana, Thaina começou a frequentar o estádio ainda na infância. Seu sonho sempre foi participar da Gaviões, se associou assim que completou 18 anos. Sua paixão pelo time se estende também a outras modalidades, como natação e basquete.


Hoje, aos 23 anos, ela tem o prazer de compartilhar todo este amor e sentimento com a filha Valentina, de 2 anos. “É algo que eu não conseguiria explicar em palavras, me emociono só de pensar. Eu sempre sonhei em ser mãe e sempre sonhei em viver isso com meu filho. Quando a levei pela primeira vez, foi uma emoção gigante. Ela adora, pira igual eu. É uma realização de amor incomparável", descreve Thaina.


Cheila Soares e sua família (reprodução: arquivo pessoal)

A paixão pelo futebol também tomou o coração da palmeirense Cheila Soares da Silva, 20 anos. Ela costuma sempre acompanhar o Verdão pertinho do gramado. “Não tenho palavras para descrever como fico. Tem uma frase que diz tudo: explicar a emoção de ser palmeirense a um palmeirense é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense... É simplesmente impossível!”, afirma.


O primeiro jogo ao vivo foi aos 9 anos, acompanhada do pai. O Palestra é um amor familiar. Segundo ela, uma mulher acompanhar futebol tão de perto, também causa espanto em muitos. “Muitas pessoas ficam impressionadas quando sabem que eu torço e realmente vou ao estádio. Tem gente que acha que é mentira, começa a duvidar e a fazer perguntas para saber mesmo se eu entendo de futebol", finaliza Cheila.


*Texto narrativo produzido para a revista acadêmica esportiva No Pódio

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